"Diversidade
religiosa, política e o Candomblé”
A contemporaneidade da diversidade
religiosa e inclusão merecem um diálogo político sério e aberto nos meios de
comunicação, assim promovendo o pluralismo étnico, de forma a criar condições para
que os direitos humanos sejam cumpridos em todas as esferas, sejam das minorias
ou dos mais vulneráveis. A diversidade religiosa levantada para a discussão
pelo professor Erisvaldo,
questiona o Estado brasileiro, principalmente pelo preceito de ser um
Estado oficialmente laico, pois a constituição brasileira não institui uma
religião oficial no país[1].
A discussão segue em uma linha de
pensamento comum para nós brasileiros, onde a afirmação em que, religião e
política não se discutem. Dessa forma tratando-se de uma afirmação do senso
comum, mas que na realidade social isso se discute sim. Na literatura de Jorge
Amado, há uma reflexão mais aprofundada sobre essa discussão, principalmente
pela exclusão da comunidade negra na sociedade brasileira, trazendo para o texto
“O compadre de Ogum” a reflexão sobre a marginalização e exclusão religiosa da
comunidade negra no Brasil, caracterizados historicamente pela violência sob
seus múltiplos aspectos com vistas a garantir a lucratividade do colonizador.
Porém o que se encontra é uma sociedade brasileira intolerante contra as
religiões de matrizes africanas, essa intolerância enraizada na sociedade
brasileira seguindo por séculos por uma "separação". Na sua acepção
mais comum por uma "identidade separada”[2].
A religião
tem por base a adoração da Natureza, da sua alma, sendo por isso chamada de
anímica. Contudo a crença de um deus criador, comum a todas as nações africanas
levou à sua assimilação com o Deus dos cristãos. Esta assimilação foi aceita
pela maior parte dos seguidores do candomblé que combinam elementos
tradicionais africanos com aspetos da religião cristã. A perseguição da Igreja
a estas práticas foi persistente, mas o Candomblé conseguiu sobreviver até aos
dias de hoje integrando adeptos de todos os estratos da sociedade (DAMASCENO,
2011, p.02)[3].
Articular religião e política em um
país laico, miscigenado, multicultural, multicolorido como o Brasil, é uma
questão de identidade nacional, também de pertencimento. Nós brasileiros
precisamos nos conscientizar que o Estado deve ser o prover dos direitos
básicos como a proteção de seu povo contra a força que vier a infringir todos
os direitos. Porém o que se apresenta em nosso território é a premissa da
violência da discriminação, marginalização e exclusão da comunidade negra.
A
discriminação é um monstro que atormenta os negros a cada momento de sua vida,
para lembrá-los de que a mentira de sua inferioridade é aceita como verdade.
(Matin Luther King )
Nossa Nação é populosa, ou seja,
possui um elevado número de habitantes em relação à grande parte dos países do
mundo, e fazemos parte de um povo miscigenado de diferentes nacionalidades proporcionando
o desenvolvimento de uma riqueza cultural singular, principalmente devido à
influência dos povos africanos, cujos elementos sobrevivem aqui durante
séculos. Essa condição deve ser reconhecida e aceita pela Nação brasileira e
não somente na forma sincrética e exótica de folclore afro-brasileiro.
Os negros ao
chegarem em solo brasileiro com suas crenças, trazem também no grupo, pessoas
com conhecimento para difundir de forma oral a sua religiosidade para os
demais, e estes embora convertidos forçosamente mantém seus rituais dentro das
senzalas por debaixo de altares cristãos, onde escondiam elementos litúrgicos
do candomblé. (DAMASCENO, 2011)[4].
Vivemos de forma velada um Apartheid,
em termos políticos, significa manutenção da supremacia de uma aristocracia
branca, baseada numa rígida hierarquia de castas raciais, para as quais existe
uma correlação direta entre a cor da pele e as possibilidades de acesso aos
direitos e ao poder social e político.
A
educação das relações étnico-raciais em nosso país, baseia-se na organização
das pessoas, através de movimentos sociais com o foco reivindicatório e busca
da humanidade, considerando o cenário dos dias atuais, diante dos limites
históricos impostos ao africano escravizado e seus descendentes. Os esforços
desses sujeitos na luta pela libertação representa uma condição de coragem e postura
de indignação diante da escravidão, e não de apatia ou passividade. Jorge Amado
não foi apático nem passivo no Compadre de Ogum, ele foi o delator e denunciou
todo o sofrimento étnico através da literatura, de forma a enraizar na composição
formativa e intelectual das futuras gerações de brasileiros.
Porém, em
Salvador, se redefine o calendário cristão, em um novo ciclo de festas
populares, quando foi encontrada nos santos católicos correspondência a
identidades associadas aos orixás nagôs homenageados não só em cerimônias
privadas. A partir de então, os orixás africanos passam a ser festejados com
toda a pompa nas festas católicas. E tais comemorações aconteciam e acontecem
até os dias de hoje, nas ruas, nas praças, nos mercados e mesmo nas igrejas das
cidades (MOURA, 1995)[5].
Diante
desse cenário valoriza-se o povo brasileiro pelas características marcadas pela
diversidade de tipos físicos das pessoas, como a cor da pele e do cabelo, e por
uma identidade cultural que incorpora diferentes aspectos, como os modos de
falar, de vestir e de se alimentar advindos de diferentes nações e concentrados
na República Federativa do Brasil.
Referências
Disponível
em:
Acesso
em: 14/04/2018.
Disponível
em:
<http://poligramas.univalle.edu.co/index.php/entornogeografico/article/view/6028.> Acesso em: 14/04/2018.
Disponível
em:
<
http://www.repositorio.unb.br/handle/10482/19848>.
Acesso
em: 14/04/2018.
[1]
Erisvaldo Pereira dos Santos. A educação das relações étnico raciais, as
religiões das matrizes africanas e a dupla pertença no episódio “O Compadre de
Ogum” na literatura de Jorge Amado.
[2]
Bobbio, Norberto, 1909- Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci
e Gianfranco Pasquino; trad. Carmen C, Varriale et ai.; coord. trad. João
Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. - Brasília :
Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998. Vol. 1: 674 p. (total: 1.330
p.) Vários Colaboradores. Obra em 2v.
[3]
DAMASCENO Willians Moreira a influência da religião africana no brasil -
teologia - filosofia
...teo-filo-lit-wm.blogspot.com/.../influencia-da-religiao-africana-no.html,2011.
[4]
DAMASCENO Willians Moreira a influência da religião africana no brasil -
teologia - filosofia
...teo-filo-lit-wm.blogspot.com/.../influencia-da-religiao-africana-no.html,2011.
[5]
MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. RJ: Coleção
Biblioteca carioca, 1995.
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