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sábado, 12 de maio de 2018

Diversidade religiosa, política e o Candomblé


"Diversidade religiosa, política e o Candomblé”
A contemporaneidade da diversidade religiosa e inclusão merecem um diálogo político sério e aberto nos meios de comunicação, assim promovendo o pluralismo étnico, de forma a criar condições para que os direitos humanos sejam cumpridos em todas as esferas, sejam das minorias ou dos mais vulneráveis. A diversidade religiosa levantada para a discussão pelo professor Erisvaldo, questiona o Estado brasileiro, principalmente pelo preceito de ser um Estado oficialmente laico, pois a constituição brasileira não institui uma religião oficial no país[1].
A discussão segue em uma linha de pensamento comum para nós brasileiros, onde a afirmação em que, religião e política não se discutem. Dessa forma tratando-se de uma afirmação do senso comum, mas que na realidade social isso se discute sim. Na literatura de Jorge Amado, há uma reflexão mais aprofundada sobre essa discussão, principalmente pela exclusão da comunidade negra na sociedade brasileira, trazendo para o texto “O compadre de Ogum” a reflexão sobre a marginalização e exclusão religiosa da comunidade negra no Brasil, caracterizados historicamente pela violência sob seus múltiplos aspectos com vistas a garantir a lucratividade do colonizador. Porém o que se encontra é uma sociedade brasileira intolerante contra as religiões de matrizes africanas, essa intolerância enraizada na sociedade brasileira seguindo por séculos por uma "separação". Na sua acepção mais comum por uma "identidade separada”[2].
A religião tem por base a adoração da Natureza, da sua alma, sendo por isso chamada de anímica. Contudo a crença de um deus criador, comum a todas as nações africanas levou à sua assimilação com o Deus dos cristãos. Esta assimilação foi aceita pela maior parte dos seguidores do candomblé que combinam elementos tradicionais africanos com aspetos da religião cristã. A perseguição da Igreja a estas práticas foi persistente, mas o Candomblé conseguiu sobreviver até aos dias de hoje integrando adeptos de todos os estratos da sociedade (DAMASCENO, 2011, p.02)[3].

Articular religião e política em um país laico, miscigenado, multicultural, multicolorido como o Brasil, é uma questão de identidade nacional, também de pertencimento. Nós brasileiros precisamos nos conscientizar que o Estado deve ser o prover dos direitos básicos como a proteção de seu povo contra a força que vier a infringir todos os direitos. Porém o que se apresenta em nosso território é a premissa da violência da discriminação, marginalização e exclusão da comunidade negra.
A discriminação é um monstro que atormenta os negros a cada momento de sua vida, para lembrá-los de que a mentira de sua inferioridade é aceita como verdade. (Matin Luther King )

Nossa Nação é populosa, ou seja, possui um elevado número de habitantes em relação à grande parte dos países do mundo, e fazemos parte de um povo miscigenado de diferentes nacionalidades proporcionando o desenvolvimento de uma riqueza cultural singular, principalmente devido à influência dos povos africanos, cujos elementos sobrevivem aqui durante séculos. Essa condição deve ser reconhecida e aceita pela Nação brasileira e não somente na forma sincrética e exótica de folclore afro-brasileiro.
Os negros ao chegarem em solo brasileiro com suas crenças, trazem também no grupo, pessoas com conhecimento para difundir de forma oral a sua religiosidade para os demais, e estes embora convertidos forçosamente mantém seus rituais dentro das senzalas por debaixo de altares cristãos, onde escondiam elementos litúrgicos do candomblé. (DAMASCENO, 2011)[4].

Vivemos de forma velada um Apartheid, em termos políticos, significa manutenção da supremacia de uma aristocracia branca, baseada numa rígida hierarquia de castas raciais, para as quais existe uma correlação direta entre a cor da pele e as possibilidades de acesso aos direitos e ao poder social e político.
A educação das relações étnico-raciais em nosso país, baseia-se na organização das pessoas, através de movimentos sociais com o foco reivindicatório e busca da humanidade, considerando o cenário dos dias atuais, diante dos limites históricos impostos ao africano escravizado e seus descendentes. Os esforços desses sujeitos na luta pela libertação representa uma condição de coragem e postura de indignação diante da escravidão, e não de apatia ou passividade. Jorge Amado não foi apático nem passivo no Compadre de Ogum, ele foi o delator e denunciou todo o sofrimento étnico através da literatura, de forma a enraizar na composição formativa e intelectual das futuras gerações de brasileiros.
Porém, em Salvador, se redefine o calendário cristão, em um novo ciclo de festas populares, quando foi encontrada nos santos católicos correspondência a identidades associadas aos orixás nagôs homenageados não só em cerimônias privadas. A partir de então, os orixás africanos passam a ser festejados com toda a pompa nas festas católicas. E tais comemorações aconteciam e acontecem até os dias de hoje, nas ruas, nas praças, nos mercados e mesmo nas igrejas das cidades (MOURA, 1995)[5].

Diante desse cenário valoriza-se o povo brasileiro pelas características marcadas pela diversidade de tipos físicos das pessoas, como a cor da pele e do cabelo, e por uma identidade cultural que incorpora diferentes aspectos, como os modos de falar, de vestir e de se alimentar advindos de diferentes nações e concentrados na República Federativa do Brasil.

Referências

Disponível em:
Acesso em: 14/04/2018.

Disponível em:

Disponível em:
< http://www.repositorio.unb.br/handle/10482/19848>.
Acesso em: 14/04/2018.


[1] Erisvaldo Pereira dos Santos. A educação das relações étnico raciais, as religiões das matrizes africanas e a dupla pertença no episódio “O Compadre de Ogum” na literatura de Jorge Amado.
[2] Bobbio, Norberto, 1909- Dicionário de política I Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino; trad. Carmen C, Varriale et ai.; coord. trad. João Ferreira; rev. geral João Ferreira e Luis Guerreiro Pinto Cacais. - Brasília : Editora Universidade de Brasília, 1 la ed., 1998. Vol. 1: 674 p. (total: 1.330 p.) Vários Colaboradores. Obra em 2v.
[3] DAMASCENO Willians Moreira a influência da religião africana no brasil - teologia - filosofia ...teo-filo-lit-wm.blogspot.com/.../influencia-da-religiao-africana-no.html,2011.
[4] DAMASCENO Willians Moreira a influência da religião africana no brasil - teologia - filosofia ...teo-filo-lit-wm.blogspot.com/.../influencia-da-religiao-africana-no.html,2011.
[5] MOURA, Roberto. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. RJ: Coleção Biblioteca carioca, 1995.

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