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terça-feira, 31 de março de 2015

PERU MACHU PICCHU














Interpretação de Gráficos

Dicas para Interpretação de Gráficos no Enem

Se você já fez questões do Enem, já deve ter percebido que gráficos, infográficos, charges, tabelas e figuras são muito usados nos enunciados das questões.
Ao se deparar com um gráfico, o primeiro cuidado a se ter é observar seus elementos básicos, que são:
·         Título: frase curta que sintetiza o assunto do gráfico;
·         Subtítulo: utilizado para explicar o assunto e, geralmente, alguma variável do gráfico;
·         Fonte: identifica a instituição responsável pelos dados apresentados no gráfico. Também pode conter local e data de publicação.
Após identificar os elementos acima, é importante reconhecer as variáveis e unidades de medida, quando houver, em cada eixo do gráfico, o horizontal e o vertical. Vejamos um exemplo:  


 
No caso do gráfico anterior, identifique primeiramente os elementos principais:
·         Título: doenças que mais atingem os idosos
·         Subtítulo: mais da metade das pessoas com mais de 60 anos tem pressão alta
·         Fonte e data: IBGE 2008.
Agora vamos analisar os eixos e as variáveis representadas neles:
·         Eixo horizontal: apresenta as doenças. Ex: hipertensão, doença de coluna outras patologias..
·         Eixo vertical: Apresenta a porcentagem de idosos com cada doença. Ex: 0%, 10% em diante.
Para identificar o valor de cada doença, é necessário “cruzar” as informações contidas em cada eixo. Por exemplo: doença de coluna atinge aproximadamente 35% dos idosos enquanto asma ou bronquite atinge 5%.
Por último, vamos reconhecer os principais tipos de gráficos existentes:
·         Gráfico em barras: é o caso do gráfico utilizado no exemplo acima.
·         Gráfico em linha: geralmente é utilizado para representar a variação de uma ou mais grandezas em função do tempo.

·        

·         Gráfico em setores (Gráfico pizza): construído em forma circular, cada ângulo do setor corresponde ao valor de uma variável, podendo apresentar porcentagens ao invés do valor bruto.

 
Siga os passos apresentados aqui para facilitar o entendimento dos gráficos. Atente-se também para relacionar os dados interpretados com o enunciado da questão.

Matheus Andrietta





domingo, 29 de março de 2015

Afinal, existem quantos fusos horários no Brasil?

O planeta Terra, graças ao seu formato esférico, recebe de maneira desigual os raios solares ao longo de sua extensão. Assim, enquanto em alguns lugares é dia, em outros está anoitecendo e, em outros, já está de madrugada. Diante dessa questão, os fusos horários foram elaborados para definir os critérios a serem utilizados para a medição das horas em diferentes partes do mundo.
Dessa maneira, o planeta foi dividido em 24 fusos, sendo que cada um deles corresponde à diferença de uma hora. Tal definição levou em conta o fato de a Terra levar justamente 24 horas para completar o seu movimento de rotação, responsável pela alternância entre os dias e as noites.
O Brasil, por possuir uma ampla dimensão territorial no sentido leste-oeste, perfazendo um total de 4.319,4 km entre a Ponta do Seixas (PB) e a Nascente do Rio Moa (AC), inscreve a sua área em quatro zonas de fusos horários. Mas, como se sabe, mesmo com os meridianos apontando exatamente o local desses fusos, é o poder público quem define a hora legal do país, estabelecendo o número de demarcações e em que local elas serão feitas.
Atualmente, então, o país é dividido em quatro fusos horários, mas não foi sempre assim. Na verdade, houve uma alteração no ano de 2008 que resumia o território nacional a apenas três diferentes horários. No entanto, em 2013, parte do estabelecimento anterior foi retomado. Acompanhe as alterações realizadas no esquema a seguir:
Mapa com as alterações dos fusos horários brasileiros
Mapa com as alterações dos fusos horários brasileiros
Observando os mapas acima, percebemos que, em um primeiro momento, os fusos horários no Brasil eram quatro. O primeiro (-2GMT, ou seja, duas horas atrasadas em relação ao Meridiano de Greenwich) abrangia algumas ilhas oceânicas, tais como Fernando de Noronha. O segundo (-3GMT) envolvia a maior parte do território nacional, incluindo a capital Brasília. O terceiro (-4GMT) contava com estados do Centro-Oeste e do Norte, incluindo a porção oeste do Pará. Já o último (-5GMT) abrangia somente uma pequena parte do Amazonas e o Acre.
Em 2008, no entanto, em um projeto de lei sancionado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o fuso de -5GMT foi extinto, com a sua respectiva região integrando, a partir de então, o fuso de -4GMT. Além disso, todo o estado do Pará passou a integrar um único fuso: o de -3GMT
Porém, em 2010, realizou-se um referendo para a população do Acre e de parte do Amazonas. Decidiu-se pelo restabelecimento do horário antigo. Com isso, o fuso -5GMT foi retomado, mas o Pará ainda continuou a fazer parte totalmente do fuso -3GMT.
Por causa dessa diferença, o estado do Acre, por exemplo, encontra-se a duas horas atrasado em relação a Brasília, diferença essa que se eleva para três horas na época do horário de verão, em que a capital brasileira, juntamente a alguns estados, adianta o seu horário em uma hora.
O território brasileiro, por se encontrar no hemisfério ocidental, possui o seu horário atrasado em relação ao meridiano mencionado. Além disso, em razão de o país possuir uma ampla extensão, sua localização é dividida em quatro fusos horários, cuja demarcação oficial (a hora legal) é estabelecida conforme o mapa a seguir:
Mapa com os fusos horários brasileiros
Mapa com os fusos horários brasileiros. As linhas representam a hora real, e as cores indicam a horal legal.
As linhas verticais traçadas acima representam o horário “real” dos fusos, isto é, a hora exata em relação ao distanciamento de cada um dos fusos horários. No entanto, se essa divisão fosse adotada à risca, ficaria muito complicado para certas localidades que estariam posicionadas em dois fusos diferentes ao mesmo tempo. Por isso, estabelece-se no Brasil – e também no mundo – a hora legal, que é adotada oficialmente pelos governos, representada pelas diferenças de cores no mapa acima.
primeiro fuso horário brasileiro encontra-se duas horas atrasado em relação ao Meridiano de Greenwich e uma hora adiantado em relação ao horário de Brasília. Esse fuso abrange apenas algumas ilhas oceânicas pertencentes ao Brasil, como Fernando de Noronha e Penedos de São Pedro e São Paulo.
segundo fuso horário do país encontra-se três horas atrasado em relação a Greenwich e abrange a maior parte do território nacional, com a totalidade das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, além dos estados do Pará, Amapá, Tocantins, Goiás e o Distrito Federal. É o horário oficial de Brasília.
terceiro fuso horário encontra-se quatro horas atrasado em relação a Greenwich e uma hora em relação ao horário de Brasília. No horário de verão, essa diferença aumenta para duas horas, pois os estados abrangidos (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia e a maior parte do Amazonas) não fazem parte desse horário especial.
quarto fuso horário encontra-se cinco horas atrasado em relação a Greenwich e duas horas em relação ao horário de Brasília, aumentando para três horas durante o horário de verão. Abrange somente o estado do Acre e uma pequena parte oeste do Amazonas. Esse fuso foi extinto no ano de 2008, onde a área passou a integrar o fuso de -4, no entanto, em setembro de 2013, essa extinção foi revogada após aprovação em um referendo promulgado em 2010.

Por Rodolfo Alves Pena

quarta-feira, 18 de março de 2015

Escala

escala cartográfica é um importante elemento presente nos mapas, sendo utilizada para representar a relação de proporção entre a área real e a sua representação. É a escala que indica o quanto um determinado espaço geográfico foi reduzido para “caber” no local em que ele foi confeccionado em forma de material gráfico.
A expressão numérica dessa proporção é a escala.
Por exemplo: se uma escala de um determinado mapa é 1:500, significa que cada centímetro do mapa representa 500 centímetros do espaço real. Consequentemente, essa proporção é de 1 por 500.
Existem, dessa forma, dois tipos de escala, isto é, duas formas diferentes de representá-la: a escala numérica e a escala gráfica. A numérica, como o próprio nome sugere, é utilizada basicamente por números; já a gráfica utiliza-se de uma esquematização.
A escala numérica representa em forma de fração a proporção da escala, havendo, dessa maneira, o seu numerador e o seu denominador. Confira:
Exemplo de escala numérica e os seus termos
Exemplo de escala numérica e os seus termos
No esquema acima, podemos notar que o numerador representa a área do mapa e o denominador a área real. Convém, geralmente, deixar o numerador sempre como 1, para assim sabermos quanto cada unidade do mapa equivale. Quando ela não possui a medida indicada (cm, m, km) em sua notação, significa, por convenção, que ela está em centímetros. Caso contrário, essa unidade de medida precisa ser apontada.
Já a escala gráfica representa diretamente o espaço relacional e suas medidas.
Exemplos de escala gráfica
Exemplos de escala gráfica
Nos esquemas acima, podemos perceber que cada intervalo entre um número e outro representa uma distância específica, que é devidamente apontada pela escala. Esse tipo de escala possui o mérito de aumentar e reduzir juntamente ao mapa. Assim, se eu transferir um mapa que estava em um papel menor para um pôster grande, a escala continuará correta, o que não aconteceria com a escala numérica, que, nesse caso, teria de ser recalculada.
Escala grande, escala pequena... Qual é a diferença?
Imagine que todo mapa é uma visão aérea sobre o determinado espaço. Dessa forma, para saber se uma escala é grande ou pequena, ou se ela é maior do que outra, basta entender que a escala nada mais é do que o nível de aproximação da visão aérea do mapa. Outra forma é observar a escala numérica, lembrando que ela se trata de uma divisão. Assim, quanto menor for esse denominador, maior será a escala.
Exemplo. Considere essas duas escalas: a) 1:5000; b) 1:10000. A primeira escala é uma divisão de 1 para cinco mil que, quando calculada, com certeza dará um número maior que uma divisão de 1 para dez mil. Portanto, a primeira escala é maior do que a segunda.
Assim, é possível perceber que, quanto maior for a escala, menor será a área representada no mapa e vice-versa, pois, quanto maior a escala, maior é a aproximação da visão aérea do local representado. Isso nos permite, por sua vez, um maior nível de detalhamento das informações, pois quanto mais próximos estamos de um local, mais detalhes conseguimos visualizar.
Em resumo, a sentença é:
Quanto maior a escala, menor a área representada e maior é o nível de detalhamento.
Um mapa-múndi possui uma escala muito pequena, com uma área grande representada e, com certeza, apresentará menos detalhes do que, por exemplo, um mapa do estado da Bahia, que teria, nesse caso, uma escala grande.
Cálculo da escala
Para calcular a escala, basta lembrar o seu conceito: Escala (E) é a relação (divisão) entre a área do mapa (d) pela área real (D). Assim:
E =   d 
      D
Assim, para calcular uma escala de um mapa em que dois pontos estão a 5 cm de distância um do outro, sendo que, no mundo real, eles estão separados por 1000 cm, basta aplicar a fórmula:
E = 5/1000 → E = 1/200
A escala, nesse caso, é de 1:200 ou um para duzentos.

Por Rodolfo Alves Pena

Coordenadas Geográficas

Coordenadas Geográficas

As coordenadas geográficas servem para descrevermos a localização de qualquer ponto da superfície terrestre.

As Coordenadas Geográficas formam um sistema de localização que se estrutura através de linhas imaginárias, traçadas paralelamente entre si nos sentidos norte-sul e leste-oeste, medidas em graus. Com a combinação dessas linhas, criam-se “endereços” específicos para cada ponto do mundo, permitindo a sua identificação precisa.
Essas linhas imaginárias são chamadas de paralelos emeridianos, e suas medidas em graus são, respectivamente, as latitudes e as longitudes. Os paralelos cortam a Terra horizontalmente, no sentido leste-oeste, enquanto os meridianos cortam a Terra verticalmente. A junção dessas linhas é o fator responsável pela existência das coordenadas geográficas.
O principal paralelo é a Linha do Equador, pois representa a faixa da Terra que se encontra a uma igual distância dos polos norte e sul. Já o principal meridiano é o de Greenwich e foi escolhido a partir de uma convenção, realizada na cidade de Washington D.C., nos Estados Unidos, no ano de 1884. Essas duas linhas representam o marco inicial da contagem das latitudes e das longitudes.
Por esse motivo, tudo o que se encontra exatamente sobre a Linha do Equador possui uma latitude 0º, aumentando à medida que se desloca para o norte e diminuindo à medida que se desloca para o sul. Assim, as latitudes são a distância em graus de qualquer ponto da Terra em relação à Linha do Equador. Suas medidas vão de -90º até 90º.
Da mesma forma acontece com o Meridiano de Greenwich em relação às longitudes. Tudo que estiver sobre essa linha possui 0º de longitude, aumentando à medida que nos deslocamos para leste e diminuindo à medida que nos deslocamos para oeste. Por isso, as longitudes são a distância em graus de qualquer ponto da Terra em relação ao Meridiano de Greenwich. Suas medidas vão de -180º até 180º.
Observação: É a partir das longitudes que são traçados os fusos horários.
Diante desse conceito, podemos concluir que as latitudes negativas estão sempre se referindo a lugares localizados no Hemisfério Sul, também chamado de Austral ou Meridional. As latitudes positivas, obviamente, referem-se a lugares posicionados no Hemisfério Norte, também chamado de Boreal ou Setentrional.
Já as longitudes negativas fazem referência a pontos posicionados no Hemisfério Oeste ou Ocidental, enquanto as longitudes positivas são relativas a pontos localizados no Hemisfério Leste ou Oriental.
O mapa a seguir fornece as coordenadas geográficas globais estabelecidas a partir da combinação das latitudes e das longitudes.
As coordenadas geográficas permitem a localização dos diferentes pontos no mapa
As coordenadas geográficas permitem a localização dos diferentes pontos no mapa
Acima, temos a representação de cinco pontos diferentes. Observando as suas latitudes e longitudes, podemos, então, descrever as coordenadas geográficas de cada um deles, indicando os seus hemisférios (Norte: N. Sul: S. Leste: E. Oeste: W).
Ponto A:
Latitude: -20º ou 20ºS
Longitude: -60º ou 60ºW
Ponto B:
Latitude: -40º ou 40ºS
Longitude: 0º
Ponto C:
Latitude: -20º ou 20ºS
Longitude: 90º ou 90ºE

Ponto D:
Latitude: 0º
Longitude: 0º
Ponto E:
Latitude: 40º ou 40ºN
Longitude: 120º ou 120ºE
Observe que todos os pontos da superfície localizam-se em pelo menos dois hemisférios. O território brasileiro, nesse caso, encontra-se em três hemisférios: uma pequena parte no norte, uma grande parte no sul e todo ele no oeste.

Por Rodolfo Alves Pena

Ciclo da água


Ciclo da água

O ciclo da água envolve a mudança de estados físicos dessa substância e o seu movimento no meio e entre os seres vivos.

Denominamos de ciclos biogeoquímicos aqueles em que uma determinada substância passa do meio abiótico para os seres vivos e destes de volta para o meio, ou seja, um processo em que há ciclagem de matéria. O ciclo da água destaca-se como o principal ciclo biogeoquímico, uma vez que essa substância é encontrada em absolutamente todos os seres vivos, participando de seus processos metabólicos.
água, encontrada principalmente no estado líquido, é a substância mais abundante da crosta terrestre. Estima-se que 70% do planeta seja coberto por água, e a grande maioria dela está nos oceanos. Depois dos oceanos, o segundo maior reservatório de água do planeta são as geleiras. Já nos continentes, essa substância é encontrada principalmente em águas subterrâneas.
O ciclo da água, também chamado de ciclo hidrológico, ocorre por meio das mudanças dos estados físicos e da movimentação dessa substância pelos seres vivos e meio ambiente. Esse ciclo depende diretamente da energia solar, dos movimentos de rotação da Terra e até mesmo da gravidade.
O Sol é o responsável por levar energia para que o ciclo aconteça. Sua luz provoca a evaporação da água presente na superfície terrestre. Essa água, agora em estado gasoso, sobe para camadas mais altas da atmosfera, onde a temperatura é mais baixa. Ao alcançar determinada altitude, a água passa do estado de vapor para o líquido (condensação) e forma as nuvens, que são, na realidade, uma grande quantidade de gotículas de água. Em locais extremamente frios, essas gotículas podem solidificar-se e dar origem à neve ou ao anizo.
Ao iniciar a chuva, processo chamado também de precipitação, a água começa o retorno para a superfície terrestre, sendo influenciada diretamente pela gravidade. Nesse momento, ela pode atingir rios, lagos e oceanos, infiltrar-se no solo e nas rochas ou ser impedida de voltar à superfície terrestre pela vegetação.
Os seres vivos possuem papel determinante no ciclo da água. Como dito anteriormente, todos os organismos possuem essa substância em seu corpo, sendo assim, a água também flui pelas cadeias alimentares. Além disso, as plantas absorvem água por suas raízes e os animais obtêm essa substância bebendo-a ou retirando-a dos alimentos.
Os animais perdem água por meio de processos como a eliminação de urina e fezes, respiração e a transpiração. As plantas perdem água por transpiração, um processo em que vapor de água é liberado pelos estômatos, e por gutação, processo no qual a água eliminada está no estado líquido. Além disso, parte da água que fica incorporada no corpo desses seres é eliminada durante o processo de decomposição.
É importante dizer que o ciclo da água varia de acordo com o local em que ele está ocorrendo. Fatores tais como cobertura vegetal, altitude, temperatura e o tipo de solo, por exemplo, afetam diretamente a quantidade de água envolvida no processo e a velocidade do ciclo.

Por Ma. Vanessa dos Santos

Escassez de Água no Brasil

Escassez de água no Brasil

Para entender a escassez de água no Brasil, é preciso considerar que existem fatores geográficos, políticos e climáticos associados a esse problema.

O Brasil passou a viver, a partir de 2014, os primeiros grandes focos daquilo que pode ser a maior crise hídrica de sua história. Com um problema grave de seca e também de gestão dos recursos naturais, o país vem apresentando níveis baixos em seus reservatórios em épocas do ano em que eles costumam estar bem mais cheios. Essa ocorrência, de certa forma, representa uma grande contradição, pois o Brasil é considerado a maior potência hídrica do planeta.
Mas se há muita água disponível no Brasil, por que está faltando água?
Para entender a questão da escassez de água no Brasil, é preciso primeiro entender algumas questões geográficas concernentes ao território nacional.
Em primeiro lugar, embora o país possua as maiores reservas de água por unidade territorial do planeta, é preciso destacar que elas estão desigualmente distribuídas no espaço geográfico brasileiro. A região Norte, notadamente a Bacia do Rio Amazonas, é aquela que possui a maior concentração de água no país, tanto pelo rio em questão quanto pela presença do Aquífero Alter do Chão, o maior em volume d'água.
Em segundo lugar, é preciso entender a questão demográfica. A maior parte da população brasileira não reside nos pontos onde a água encontra-se disponível de forma mais abundante, pois há uma concentração populacional muito elevada nas regiões Sudeste e Nordeste, respectivamente. Curiosamente, são essas as regiões cujos estados possuem os maiores históricos de secas e escassez de água ao longo do tempo.
Esse panorama contribui consideravelmente para o problema em questão, haja vista que a exploração dos recursos hídricos da Amazônia é totalmente inviável em virtude dos grandes custos de transporte e também pelos iminentes impactos naturais, que podem comprometer as reservas de água então disponíveis.
Mas isso não é tudo para entender a escassez de água no Brasil. Existem também as questões referentes à utilização e gestão dos recursos hídricos no país.
Pela Constituição Federal de 1988, cabe aos governos estaduais a missão de gerir e administrar a captação e distribuição de água, embora o governo federal também precise atuar por intermédio do fornecimento de verbas públicas e obras interestaduais. Nesse sentido, alguns governos, por questões administrativas ou até políticas, podem apresentar algumas falhas, principalmente no que se refere ao planejamento no manejo dos recursos hídricos.
No Brasil, atualmente, o estado que vem passando por maiores dificuldades é São Paulo, o que vem atraindo uma grande atenção da mídia, pois a capital paulista, que é a área mais povoada do país, é a protagonista desse cenário. Nesse caso, uma seca total pode afetar a vida de dezenas de milhões de pessoas. O reservatório do Sistema Cantareira, o principal da cidade, vem apresentando sucessivos recordes de baixas em seu volume, o que torna o contexto em questão ainda mais desfavorável.
Além da má distribuição dos recursos hídricos e dos problemas de gestão no território nacional, o problema da escassez de água no Brasil também perpassa pelas recentes secas que vêm afetando o país. Nos últimos anos, principalmente em 2014, os níveis de precipitação ficaram muito abaixo do esperado, por isso, os reservatórios em todo país mantiveram baixas históricas, principalmente na região Sudeste.
Vale lembrar, afinal, que a falta de água no Brasil não afeta somente a disponibilidade de água tratada nas residências. As indústrias e a agricultura (os principais consumidores) são os setores que mais poderão sofrer com o problema, o que pode acarretar impactos na economia como um todo – lembrando que a maior parte das indústrias do país está justamente na região Sudeste. Além disso, cabe a ressalva de que o principal modal energético do país é o hidrelétrico, que possui como ponto negativo justamente a dependência em relação à disponibilidade, de modo que uma seca extrema pode levar o país a um novo racionamento de energia, tal qual o ocorrido em 2001.

Por Me. Rodolfo Alves Pena

Rios Voadores

A Amazônia e as Chuvas no Brasil

Existe uma relação entre a Amazônia e as chuvas no Brasil que se evidencia pela umidade gerada pela floresta que é dispersada para todo o país.

O Brasil, a despeito das eventuais secas que ocorrem em algumas regiões, é o país onde as chuvas são mais frequentes, com uma média de 15.200 km³/ano. O Canadá, por exemplo, que possui um território maior do que o do nosso país, apresenta apenas um terço dessa média anual de precipitação. Tal fator deve-se, principalmente, à existência da Amazônia, a maior floresta tropical do planeta.
A relação entre a Amazônia e as chuvas no Brasilocorre em razão da existência dos Rios Voadores, que, basicamente, consistem na umidade do ar gerada pela Floresta Amazônica e disseminada para várias outras partes do país e do continente sul-americano. São essas chuvas, inclusive, que garantem a sobrevivência da própria floresta e dos recursos hídricos de boa parte das bacias hidrográficas brasileiras.
De acordo com o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e a Expedição Rios Voadores*, a Amazônia é uma floresta que faz chover. De acordo com os pesquisadores, a floresta emite vapores orgânicos para o ar por meio da evapotranspiração, provocando o condensamento e a formação das chuvas. O ar úmido que também é gerado pode precipitar-se e deslocar-se para outras regiões, incluindo o Centro-Oeste do país, o Sudeste e também o Sul.
É válido mencionar que a taxa de evaporação da água na floresta é maior que em outras áreas, sobretudo aquelas que foram desmatadas. A título de comparação, podemos citar que a evapotranspiração na Amazônia ocorre em um ritmo de 3,6 a 4,2 mm por dia, ao passo em que nas áreas de pastagem essa média passa para 1 ou 2 mm diários em épocas chuvosas.
Portanto, os regimes de chuvas no Brasil dependem muito da Floresta Amazônica, pois é ela que emite a maior parte do ar úmido que se condensa em forma de chuva em outras regiões do país. Alguns estudiosos estimam que as secas ocorridas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil no ano de 2014 ocorreram, em grande parte, em razão dos sucessivos desmatamentos da Amazônia ao longo dos últimos tempos. No entanto, existem discordâncias com relação a essa conclusão, uma vez que não existem dados definitivos que comprovem essa tese.
De toda forma, é importante perceber que, caso o processo de destruição da floresta amazônica continue ocorrendo, haverá um grande impacto nas chuvas do Brasil, gerando alterações climáticas de todas as ordens, como o aumento das temperaturas e a ocorrência mais frequente de secas rigorosas. A questão da água no Brasil depende, portanto, da conservação de suas vegetações.

Lapinha da Serra