Ações,
reflexões e impactos na comunidade escolar sobre o que foi desenvolvido durante
o primeiro semestre do Projeto Escola Cidadã.
O projeto proposto para
a Escola Municipal Professora Carmelita Carvalho - CAIC, constitui uma
sequência de atividades e encontros presenciais com a média de 60 alunos do 7º
e do 9º ano do ensino fundamental, com o objetivo de apresentar um produto
conceitual intangível denominado “Democracia ligado ao meio ambiente do
Município de Ibirité”. Esse projeto combina elementos físicos (utilização das
áreas do parque municipal Novo Horizonte pela comunidade escolar), com
conceitos (planejamento/debates) e eventos (participação na Câmara Municipal de
Ibirité, comemoração da 2ª semana do meio ambiente de Ibirité, festa da Família
CAIC, participação na Câmara Mirim Municipal e futuramente na Câmara Mirim
Federal).
Resolvemos construir um
projeto pedagógico que articulasse educação ambiental à identificação do “Eu” aluno(a)
cidadão(ã), como parte integrante da natureza. Dessa forma compreendendo as
noções básicas relacionadas ao meio ambiente necessários para a democracia
através da responsabilidade de cada um em respeitar o meio, consolidando
valores sociais, assim refletindo em uma representatividade política, direcionada
em defesa do meio natural comum ao povo e essencial à qualidade de vida.
Um
projeto, conforme sintetizado por MAXIMIANO,
É
um empreendimento temporário ou uma sequência de atividades com começo, meio e
fim programados, que tem por objetivo fornecer um produto singular, dentro de
restrições orçamentárias[1].
[1] MAXIMIANO, Antônio
César Amaru.
Administração de projetos: como
transformar ideias em resultados / Antônio César Amaru Maximiano. – 2ª ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
Nosso projeto propõe
uma articulação indireta com o projeto do município de Ibirité, “Escola
Sustentável”, a partir das premissas de reconhecer os direitos a ter um
ambiente em equilíbrio com o meio que vivemos. Foi pensado nas práticas do
projeto a sensibilização para o aprendizado ao manejo do solo, melhor
utilização da água e o conhecimento de utilização de espécies vegetais. Essa
proposta materializada no “projeto Horta”, com o propósito de, estimular ao
estudante às práticas de manejo de cultivo e, uso sustentável de áreas naturais.
Dessa forma, podendo ser aplicadas técnicas específicas, que são ensinadas nas
dependências “da horta” do CAIC e futuramente, aplicadas no parque Municipal
Novo Horizonte, de forma a conscientizar a população à melhor conservação da
área protegida.
As ações.
Considerando que é
dever do cidadão ter a consciência política pelas leis e pelas casas
legislativas nos âmbitos municipal, estadual e federal, foi realizado no dia
11/05/2018 a participação dos(as) alunos(as) do 7º e 9º anos do Ensino
Fundamental, da Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia, na Plenária da
Câmara Municipal de Ibirité. Essa participação refere-se a, criar condições
para a iniciação e participação política dos(as) estudantes. Com objetivo de
presenciar e vivenciar a dinâmica de uma plenária pedagógica, promovida pela
Câmara Municipal, dessa forma, conscientizando os(as) alunos(as) para a
valorização dos seus direitos, e o despertar da sensibilização para o reconhecimento
do indivíduo "aluno(a)" como cidadão(ã) "em formação".
Considerando a importância dessa participação, presume-se que os alunos(as) se
envolvam nas decisões que envolvem nossa escola, comunidade, área natural e
nossa cidade. Com o propósito de aprender sobre o Legislativo, os(as) alunos(as),
de acordo com o aprendizado adquirido, irão elaborar um projeto de Lei que
torne possível a consolidação dos direitos e deveres, como conquista política.
Nenhum
saber se forma sem um sistema de comunicação, de registros, de acumulação, que
é uma forma de poder em si mesmo e que está ligado a outras formas de poder.
Por sua vez, o poder não se exerce sem a apropriação e a distribuição de saber.
Ambos, saber e poder, funcionam entrelaçadamente[1]. FOUCAULT.
[1] CASTRO, Edgardo.
Vocabulário de FOUCAULT - Um
percurso pelos seus temas, conceitos e autores/ Edgardo Castro. -2ª ed. – Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2016. Dits
et écrits (Ditos e escritos, volume I). Edição utilizada: Paris, Gallimard,
1994.
A participação dos(as) alunos(as)
do 7º e 9º anos do Ensino Fundamental da Escola Municipal Professora Carmelita
Carvalho Garcia, foi fundamental na 2ª Semana de Meio Ambiente de Ibirité 2018,
realizada no Parque Ecológico Novo Horizonte. Essa participação na semana de
Meio Ambiente justifica-se devido ao processo de sensibilização e
conscientização relacionado à importância de proteção e manutenção adequada dos
ambientes naturais nos espaços urbanos. Dessa forma promovendo a materialização
do projeto "Escola Cidadã: Democracia ligado ao meio ambiente do Município
de Ibirité". Projeto desenvolvido na escola Municipal Professora Carmelita
Carvalho Garcia, em consonância com a proposta de estreitar os laços entre a
escola - representada pela comunidade ibiritense - e a utilização sustentável
da área natural do parque sem comprometer sua preservação. Dessa forma
evidenciando a proposta do projeto, que visa, propiciar condições de uma
organização cidadã remetendo a questões de caráter ambiental, ético e político
para conciliar interesses diversos.
De forma a assegurar um
bom resultado no projeto Escola Cidadã, a diversidade de especialidades
profissionais é fundamental para a organização e execução do projeto. Dessa
forma foram realizadas atividades internas como, eleições dos líderes de turma,
aulões conceituais, elaboração de projeto de leis, elaboração de relatórios e
manifestações artísticas, com o propósito de contribuir para a criação de uma
linguagem comum e a familiaridade com os princípios democráticos e políticos
do(a) cidadão(ã), no cotidiano.
A preparação do projeto
“Democracia ligado ao meio ambiente do Município de Ibirité” partiu da ideia do
despertar ao pertencimento das áreas naturais públicas à comunidade,
considerando que o poder público apodera dessas áreas, utilizando-se do
funcionamento ideológico para a dominação e dependência do cidadão(ã) diante de
seus governantes. Refletindo sobre dominação e consequentemente dependência do
cidadão, necessariamente pensamos em liberdade.
A
liberdade é a condição de existência do poder e do sujeito. Na falta de
liberdade, o poder se converte em dominação, e o sujeito, em objeto[1].
Para que essa
consciência ambiental se materialize, as atividades tiveram um cunho político
crítico, na prática da interpretação das paisagens e as suas interferências. De
tal modo, foi proposto uma atividade de descrição e/ou interpretação da
paisagem da Serra do Rola Moça, de forma textual e, por meio de ilustração.
Seguindo a temática “político
crítico”, outra atividade foi proposta para os alunos, com o título “A Paz”,
onde os alunos fizeram uma reflexão, materializada por uma produção de texto
seguida de uma ilustração, sobre a violência em nossa comunidade. O resultado
foi um momento de debate sobre a ineficiência da segurança e a falta de paz na
nossa comunidade. Como ação de sensibilização, além da atividade, foi
confeccionado um grande painel contendo os textos e as ilustrações dos(as)
alunos(as), esse painel ficou fixado na área externa da escola na festa da
família.
Considero importante
tornar-se visível que, a linguagem se manifesta para além da distinção entre o
significante e o significado, não ocupando o centro da cena, mas materializando
a realidade social e, por que não, realidade geográfica, vivenciada pelo
indivíduo. A mobilização dos(as) alunos(as) com o foco na cidadania, também
teve a execução de uma produção textual, por cada aluno(a) do 7º ano, seguido
por uma ilustração, sobre o processo “detalhado” – proposta dos(as) candidatos(as),
processo de votação, conferência dos votos, e o desempenho dos(as) eleitos(as)
na sua lida diária - das eleições dos(as) líderes de turma. O resultado das
eleições foi divulgado na Festa da Família, onde os(as) representantes
receberam a posse pela direção da escola.
Impacto na comunidade escolar.
Acredito que o trabalho
com o ensino de Geografia, sempre que possível, deve partir da reflexão do
espaço vivido pelos alunos, dessa forma, instigo os(as)alunos(as) a refletirem
sobre a relação sociedade e natureza, assim interagindo esse conhecimento em
outras disciplinas, questionando e reconhecendo a importância da aprendizagem
em seu cotidiano. Partindo da organização do nosso projeto - onde a Geografia
comunica bem com a Ciências – pensado em abranger as ações na comunidade
escolar e comunidade vizinha à escola, o projeto se articula às práticas de
qualquer outra disciplina, cabendo ao(à) professor(a) inteirar-se do projeto.
Como diagnóstico, temos um resultado positivo na escola pelos(as)
funcionários(as) e professores(as), assim como pela direção, que sempre apoiam
a evolução do projeto. Existe o respeito e valorização da opinião dos colegas e
dos(as) professores(as) diretamente envolvidos.
Temos como fruto
positivo dos impactos na comunidade, a presença do secretário de educação - no
dia da visita dos alunos do CAIC na Câmara Municipal de Ibirité – recebendo a
escola com elogios. O impacto também foi
positivo na comunidade vizinha à escola, notado em fotos e por registros orais,
nos pronunciamentos de dois vereadores de Ibirité e de moradores vizinhos à
área do parque. Foi evidente o envolvimento da secretaria de educação e do meio
ambiente, assim como o interesse de um vereador a se inteirar do projeto do
CAIC , “Democracia ligado ao meio ambiente do Município de Ibirité”.
[...]
A finalidade de ensinar Geografia para crianças e jovens deve ser justamente a
de os ajudar a formar raciocínios e concepções mais articulados e aprofundados
a respeito do espaço. Trata-se de possibilitar aos alunos a prática de pensar
os fatos e acontecimentos enquanto constituídos de múltiplos determinantes; de
pensar os fatos e acontecimentos mediante várias explicações, dependendo da
conjugação desses determinantes, entre os quais se encontra o espacial. A
participação de crianças e jovens na vida adulta, seja no trabalho, no bairro
onde moram, no lazer, nos espaços de prática política explícita, certamente
será de melhor qualidade se estes conseguirem pensar sobre seu espaço de forma
mais abrangente e crítica. [...][1]
Trabalhar com temas
transversais me estimula a buscar a reflexão da realidade da sociedade de onde
eu estiver. Os temas cidadania, democracia e meio ambiente conduzem os(as)
alunos(as) a uma formação que lhes permita viver de acordo com as necessidades
da sociedade onde estão inseridos. Considero isso importante no meu trabalho,
onde a construção da cidadania tornou-se o foco principal do meu ensino. Essa
concepção decorrente da minha participação social e política, que, novamente
cito; acredito, contribuir para a formação cidadã do indivíduo nas práticas
desenvolvidas em sala de aula.
[1] CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escala e construção de conhecimentos. 4ªed. Campinas:
papiros, 2003. P.24.
(Magistério: formação e trabalho pedagógico).
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