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quinta-feira, 5 de julho de 2018

Ações, reflexões e impactos na comunidade escolar sobre o que foi desenvolvido durante o primeiro semestre do Projeto Escola Cidadã.


Ações, reflexões e impactos na comunidade escolar sobre o que foi desenvolvido durante o primeiro semestre do Projeto Escola Cidadã.
O projeto proposto para a Escola Municipal Professora Carmelita Carvalho - CAIC, constitui uma sequência de atividades e encontros presenciais com a média de 60 alunos do 7º e do 9º ano do ensino fundamental, com o objetivo de apresentar um produto conceitual intangível denominado “Democracia ligado ao meio ambiente do Município de Ibirité”. Esse projeto combina elementos físicos (utilização das áreas do parque municipal Novo Horizonte pela comunidade escolar), com conceitos (planejamento/debates) e eventos (participação na Câmara Municipal de Ibirité, comemoração da 2ª semana do meio ambiente de Ibirité, festa da Família CAIC, participação na Câmara Mirim Municipal e futuramente na Câmara Mirim Federal).







Resolvemos construir um projeto pedagógico que articulasse educação ambiental à identificação do “Eu” aluno(a) cidadão(ã), como parte integrante da natureza. Dessa forma compreendendo as noções básicas relacionadas ao meio ambiente necessários para a democracia através da responsabilidade de cada um em respeitar o meio, consolidando valores sociais, assim refletindo em uma representatividade política, direcionada em defesa do meio natural comum ao povo e essencial à qualidade de vida.
Um projeto, conforme sintetizado por MAXIMIANO,
É um empreendimento temporário ou uma sequência de atividades com começo, meio e fim programados, que tem por objetivo fornecer um produto singular, dentro de restrições orçamentárias[1].



[1] MAXIMIANO, Antônio César Amaru.
                Administração de projetos: como transformar ideias em resultados / Antônio César Amaru Maximiano. – 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.



Nosso projeto propõe uma articulação indireta com o projeto do município de Ibirité, “Escola Sustentável”, a partir das premissas de reconhecer os direitos a ter um ambiente em equilíbrio com o meio que vivemos. Foi pensado nas práticas do projeto a sensibilização para o aprendizado ao manejo do solo, melhor utilização da água e o conhecimento de utilização de espécies vegetais. Essa proposta materializada no “projeto Horta”, com o propósito de, estimular ao estudante às práticas de manejo de cultivo e, uso sustentável de áreas naturais. Dessa forma, podendo ser aplicadas técnicas específicas, que são ensinadas nas dependências “da horta” do CAIC e futuramente, aplicadas no parque Municipal Novo Horizonte, de forma a conscientizar a população à melhor conservação da área protegida.





As ações.
Considerando que é dever do cidadão ter a consciência política pelas leis e pelas casas legislativas nos âmbitos municipal, estadual e federal, foi realizado no dia 11/05/2018 a participação dos(as) alunos(as) do 7º e 9º anos do Ensino Fundamental, da Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia, na Plenária da Câmara Municipal de Ibirité. Essa participação refere-se a, criar condições para a iniciação e participação política dos(as) estudantes. Com objetivo de presenciar e vivenciar a dinâmica de uma plenária pedagógica, promovida pela Câmara Municipal, dessa forma, conscientizando os(as) alunos(as) para a valorização dos seus direitos, e o despertar da sensibilização para o reconhecimento do indivíduo "aluno(a)" como cidadão(ã) "em formação". Considerando a importância dessa participação, presume-se que os alunos(as) se envolvam nas decisões que envolvem nossa escola, comunidade, área natural e nossa cidade. Com o propósito de aprender sobre o Legislativo, os(as) alunos(as), de acordo com o aprendizado adquirido, irão elaborar um projeto de Lei que torne possível a consolidação dos direitos e deveres, como conquista política.
Nenhum saber se forma sem um sistema de comunicação, de registros, de acumulação, que é uma forma de poder em si mesmo e que está ligado a outras formas de poder. Por sua vez, o poder não se exerce sem a apropriação e a distribuição de saber. Ambos, saber e poder, funcionam entrelaçadamente[1]. FOUCAULT.


[1] CASTRO, Edgardo.
Vocabulário de FOUCAULT - Um percurso pelos seus temas, conceitos e autores/ Edgardo Castro. -2ª ed. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.  Dits et écrits (Ditos e escritos, volume I). Edição utilizada: Paris, Gallimard, 1994.








A participação dos(as) alunos(as) do 7º e 9º anos do Ensino Fundamental da Escola Municipal Professora Carmelita Carvalho Garcia, foi fundamental na 2ª Semana de Meio Ambiente de Ibirité 2018, realizada no Parque Ecológico Novo Horizonte. Essa participação na semana de Meio Ambiente justifica-se devido ao processo de sensibilização e conscientização relacionado à importância de proteção e manutenção adequada dos ambientes naturais nos espaços urbanos. Dessa forma promovendo a materialização do projeto "Escola Cidadã: Democracia ligado ao meio ambiente do Município de Ibirité". Projeto desenvolvido na escola Municipal Professora Carmelita Carvalho Garcia, em consonância com a proposta de estreitar os laços entre a escola - representada pela comunidade ibiritense - e a utilização sustentável da área natural do parque sem comprometer sua preservação. Dessa forma evidenciando a proposta do projeto, que visa, propiciar condições de uma organização cidadã remetendo a questões de caráter ambiental, ético e político para conciliar interesses diversos.





De forma a assegurar um bom resultado no projeto Escola Cidadã, a diversidade de especialidades profissionais é fundamental para a organização e execução do projeto. Dessa forma foram realizadas atividades internas como, eleições dos líderes de turma, aulões conceituais, elaboração de projeto de leis, elaboração de relatórios e manifestações artísticas, com o propósito de contribuir para a criação de uma linguagem comum e a familiaridade com os princípios democráticos e políticos do(a) cidadão(ã), no cotidiano.
A preparação do projeto “Democracia ligado ao meio ambiente do Município de Ibirité” partiu da ideia do despertar ao pertencimento das áreas naturais públicas à comunidade, considerando que o poder público apodera dessas áreas, utilizando-se do funcionamento ideológico para a dominação e dependência do cidadão(ã) diante de seus governantes. Refletindo sobre dominação e consequentemente dependência do cidadão, necessariamente pensamos em liberdade.
A liberdade é a condição de existência do poder e do sujeito. Na falta de liberdade, o poder se converte em dominação, e o sujeito, em objeto[1].



[1] CASTRO, Edgardo. Op., cit., p. 245.




Para que essa consciência ambiental se materialize, as atividades tiveram um cunho político crítico, na prática da interpretação das paisagens e as suas interferências. De tal modo, foi proposto uma atividade de descrição e/ou interpretação da paisagem da Serra do Rola Moça, de forma textual e, por meio de ilustração.

Seguindo a temática “político crítico”, outra atividade foi proposta para os alunos, com o título “A Paz”, onde os alunos fizeram uma reflexão, materializada por uma produção de texto seguida de uma ilustração, sobre a violência em nossa comunidade. O resultado foi um momento de debate sobre a ineficiência da segurança e a falta de paz na nossa comunidade. Como ação de sensibilização, além da atividade, foi confeccionado um grande painel contendo os textos e as ilustrações dos(as) alunos(as), esse painel ficou fixado na área externa da escola na festa da família. 



Considero importante tornar-se visível que, a linguagem se manifesta para além da distinção entre o significante e o significado, não ocupando o centro da cena, mas materializando a realidade social e, por que não, realidade geográfica, vivenciada pelo indivíduo. A mobilização dos(as) alunos(as) com o foco na cidadania, também teve a execução de uma produção textual, por cada aluno(a) do 7º ano, seguido por uma ilustração, sobre o processo “detalhado” – proposta dos(as) candidatos(as), processo de votação, conferência dos votos, e o desempenho dos(as) eleitos(as) na sua lida diária - das eleições dos(as) líderes de turma. O resultado das eleições foi divulgado na Festa da Família, onde os(as) representantes receberam a posse pela direção da escola.


Impacto na comunidade escolar.
Acredito que o trabalho com o ensino de Geografia, sempre que possível, deve partir da reflexão do espaço vivido pelos alunos, dessa forma, instigo os(as)alunos(as) a refletirem sobre a relação sociedade e natureza, assim interagindo esse conhecimento em outras disciplinas, questionando e reconhecendo a importância da aprendizagem em seu cotidiano. Partindo da organização do nosso projeto - onde a Geografia comunica bem com a Ciências – pensado em abranger as ações na comunidade escolar e comunidade vizinha à escola, o projeto se articula às práticas de qualquer outra disciplina, cabendo ao(à) professor(a) inteirar-se do projeto. Como diagnóstico, temos um resultado positivo na escola pelos(as) funcionários(as) e professores(as), assim como pela direção, que sempre apoiam a evolução do projeto. Existe o respeito e valorização da opinião dos colegas e dos(as) professores(as) diretamente envolvidos.
Temos como fruto positivo dos impactos na comunidade, a presença do secretário de educação - no dia da visita dos alunos do CAIC na Câmara Municipal de Ibirité – recebendo a escola com elogios.  O impacto também foi positivo na comunidade vizinha à escola, notado em fotos e por registros orais, nos pronunciamentos de dois vereadores de Ibirité e de moradores vizinhos à área do parque. Foi evidente o envolvimento da secretaria de educação e do meio ambiente, assim como o interesse de um vereador a se inteirar do projeto do CAIC , “Democracia ligado ao meio ambiente do Município de Ibirité”.
[...] A finalidade de ensinar Geografia para crianças e jovens deve ser justamente a de os ajudar a formar raciocínios e concepções mais articulados e aprofundados a respeito do espaço. Trata-se de possibilitar aos alunos a prática de pensar os fatos e acontecimentos enquanto constituídos de múltiplos determinantes; de pensar os fatos e acontecimentos mediante várias explicações, dependendo da conjugação desses determinantes, entre os quais se encontra o espacial. A participação de crianças e jovens na vida adulta, seja no trabalho, no bairro onde moram, no lazer, nos espaços de prática política explícita, certamente será de melhor qualidade se estes conseguirem pensar sobre seu espaço de forma mais abrangente e crítica. [...][1]
Trabalhar com temas transversais me estimula a buscar a reflexão da realidade da sociedade de onde eu estiver. Os temas cidadania, democracia e meio ambiente conduzem os(as) alunos(as) a uma formação que lhes permita viver de acordo com as necessidades da sociedade onde estão inseridos. Considero isso importante no meu trabalho, onde a construção da cidadania tornou-se o foco principal do meu ensino. Essa concepção decorrente da minha participação social e política, que, novamente cito; acredito, contribuir para a formação cidadã do indivíduo nas práticas desenvolvidas em sala de aula.


[1] CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escala e construção de conhecimentos. 4ªed. Campinas: papiros, 2003. P.24. (Magistério: formação e trabalho pedagógico).

Lapinha da Serra