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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Redação no Enem: Tipos de Estratégias Argumentativas






Posted: 30 Apr 2015 11:52 AM PDT
A dissertação-argumentativa é um tipo textual da ordem do argumentar, isto é, ao mesmo tempo em que dissertamos sobre um tema temos de convencer o nosso leitor, por meio de argumentos e estratégias argumentativas, de que a nossa tese é a mais adequada ou correta. Portanto, redações no Enem que apenas dissertam fogem do tipo textual requerido pelo exame e, deste modo, zeram na segunda competência “compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa”.
O candidato deve, primeiramente, criar uma tese, ou seja, um ponto de vista acerca do tema abordado pela proposta de redação do Enem e fundamentá-la em argumentos e em estratégias argumentativas a fim de convencer o leitor de que a sua opinião está correta.
Há mais de um tipo de argumento e de estratégias argumentativas as quais o autor de uma dissertação-argumentativa, um artigo opinativo, um editorial ou uma resenha crítica – gêneros da ordem do argumentar – pode recorrer a fim de cumprir o propósito de expor a sua opinião, embasá-la e convencer o seu leitor.
Normalmente, a tradicional dissertação-argumentativa já traz na sua introdução a tese do autor, ou seja, o seu ponto de vista que será defendido ao longo de todo o texto. Para embasar essa tese, o autor pode lançar mão de um ou dois argumentos principais e estratégias argumentativas que os fundamentem:
 Argumento Concreto: esse tipo de argumento é uma prova cabal do que está sendo dito pelo autor e trata-se de dados estatísticos oriundos de pesquisas confiáveis, fatos reais que comprovam a tese do autor, textos legislativos (leis de todas as instâncias) etc.
 Argumentos Lógicos: já esse tipo de argumento é oriundo de um raciocínio lógico que estabelece relações de sentido lógicas, como por exemplo, comparações, causa e efeito, deduções, hipóteses, inferências etc.
 Argumento Autoritário: esse tipo de argumento traz uma citação de uma autoridade, de um especialista sobre o tema abordado pela proposta de redação que pode ser um pesquisador, um professor, um profissional formado na área ou imerso no tema etc.
Alguns autores de livros didáticos e apostilas colocam como tipo de argumento o de consenso, isto é, uma verdade universal, mas gostaríamos de chamar a atenção para esse conceito, pois ele pode nos fazer cair no senso comum.




Posted: 07 May 2015 12:30 PM PDT
Inúmeras discussões são realizadas entre professores de Língua Portuguesa do ensino básico e docentes universitários das áreas de língua e linguagem acerca do uso da 1ª pessoa do singular (eu) em dissertações-argumentativas, mas a verdade é que a maioria das grades de correção dos vestibulares que pedem esse tipo textual condenam, digamos assim, a interlocução marcada entre autor e leitor em dissertações-argumentativas.

Diferentemente da situação de produção de um texto que circula nas esferas sociais, com autor, motivação, objetivos e público-alvo específicos, a situação de produção de uma dissertação-argumentativa é uma situação simulada, ficcionalizada, pois trata-se de um tipo textual exclusivo da esfera escolar na qual um contexto e um tema precisam ser criados a fim de se cumprir uma proposta de redação também simulada. Toda essa simulação é necessária porque não há uma real motivação, exceto pedagógica e avaliativa, para se escrever uma dissertação-argumentativa.
Como há esse deslocamento de uma situação de produção real na qual há uma verdadeira motivação (como escrever uma carta de leitor para um jornal, um relatório para a empresa, uma carta aberta para alguma autoridade, um resumo para um professor, uma entrevista para uma revista etc) para uma situação avaliativa de uma prova, como é o caso do Enem,deve-se evitar o uso da 1ª primeira do singular, o uso do imperativo (ordem) e também deve ser evitada a referência da coletânea de textos motivadores e da proposta de redação em si, já que devemos nos colocar como autores que possuem a voz do bom senso e da razão que objetivam convencer um leitor que representa um leitor universal (também simulado), ou seja, qualquer pessoa que é alfabetizada.
Assim, devemos evitar o uso da 1ª pessoa do singular e do imperativo para não estabelecermos uma interlocução com o nosso leitor. Outras marcas que devem ser evitadas pela mesma razão são as de 2ª pessoa do singular (você, seu, sua, teu, tua etc) e do plural (vocês, seus, suas, teus, tuas etc).
Além disso, já que devemos imaginar um leitor universal para as nossas dissertações-argumentativas, não podemos pressupor que ele conhece a coletânea de textos motivadores e a proposta de redação em si e, assim, devemos evitar escrever, por exemplo: “segundo o texto um da coletânea” e “de acordo com a coletânea de textos motivadores”.



Posted: 02 May 2015 09:30 AM PDT
As figuras de linguagem são recursos linguísticos utilizados para aumentar a expressividade da mensagem transmitida em um texto. Existem muitas figuras de linguagem, sendo que algumas são mais cobradas nos vestibulares e no ENEM, principalmente na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias.
Há algumas figuras de linguagem bem próximas quanto a seu significado ou uso, o que costuma causar bastante confusão entre os alunos, surgindo erros de interpretação. Levando isso em conta, vamos apresentar as principais figuras que têm semelhanças e costumam causar dúvidas, através da aproximação delas e discutindo suas principais diferenças. Para iniciar, vamos hoje entender a diferença entre antítese e paradoxo.
Antítese é a aproximação de duas palavras de sentidos opostos, ou seja, na mesma frase ou verso serão usadas duas palavras de sentidos contrários. Para ficar mais claro, vejamos exemplos:
“Eu vi a cara da morte, e ela estava viva”. Cazuza.
“Onde queres bandido sou herói.” Caetano Veloso.
“Já estou cheio de me sentir vazio, meu corpo é quente e estou sentindo frio.” Renato Russo
“Do riso se fez o pranto” Vinícius de Moraes.
Observe que em todas essas frases (ou versos) estão presentes duplas de palavras opostas. O mais importante aqui é observar que, apesar de opostas, a situação descrita é possível.
Em “Onde queres bandido sou herói.”, o personagem não é bandido e herói ao mesmo tempo. Espera-se, por uma segunda pessoa, que ele seja bandido. Entretanto, há uma quebra de expectativa quando, na verdade, ele é herói.
E assim por diante. Em “meu corpo é quente e estou sentindo frio.”, isso é possível em caso de febre. “Do riso se fez o pranto” mostra que não se sorrio e chorou ao mesmo tempo, mas que a partir do riso, iniciou-se um pranto. Entender isso é essencial para perceber a diferença entre antítese e paradoxo.
Paradoxo ocorre quando a aproximação de palavras opostas causa uma incoerência, uma contradição. Ou seja, quando não é possível ter as duas oposições naquele determinado contexto. Observe:
“Mas que seja infinito enquanto dure” Vinícius de Moraes.
“O mito é o nada que é tudo.” Fernando Pessoa.
“Estou cego e vejo” Carlos Drummond de Andrade.
“É ferida que dói e não se sente” Camões.
Note que doer é uma sensação do tato. Logo, é impossível sentir a dor e não sentir nada ao mesmo tempo. Assim como enquanto dure traz a ideia de finitude e é impossível ver sendo cego, etc. Portanto, tanto em antítese quanto em paradoxo há a aproximação de duas palavras de sentidos contrários. Porém, apenas no paradoxo há contradição envolvida.
Dessa forma, sempre que quiser diferenciar essas duas figuras de linguagem, basta observar, dentro do contexto que as palavras opostas estão inseridas, se há contradição envolvida.


Posted: 10 May 2015 12:59 PM PDT
Assim como a antítese e paradoxo, as figuras de linguagem eufemismo, hipérbole e gradação também podem ser estudadas em conjunto por haver uma relação de sentido entre elas, o que facilita a compreensão de seus significados.
Vamos, primeiramente, analisar como figura separadamente.
Eufemismo
Tem a função de atenuar, ou seja, amenizar uma determinada mensagem. No dia-a-dia, fazemos isso principalmente quando comunicamos algo ruim. Por exemplo, são famosas as expressões “Ele descansou” ou “Virou um anjo ou uma estrela” para dizer que alguém faleceu. Isso porque a morte é um assunto delicado de se tratar diretamente. Assim como a mentira pode ser substituída pela expressão “faltar com a verdade”.
Hipérbole
Trata-se da figura contrária ao eufemismo. Se eufemismo ameniza uma ideia, a hipérbole exagera. É só reparar no nome: HIPER-bole. Aquilo que é hiper é grande. Quando dizemos, por exemplo, que “estamos morrendo de fome”, realmente não vamos morrer em alguns minutos por estar passando fome. Ou seja, essa é uma expressão que exagera a realidade, assim como “tinha um mar de gente” para dizer que estava lotado ou “chorei litros assistindo aquele filme” para afirmar que chorou bastante.
Agora que já entendemos essas figuras e podemos assimilar a oposição existente entre elas, fica mais fácil compreender a última figura (gradação), que utiliza uma das anteriores (eufemismo ou hipérbole).
Gradação
Consiste na figura que utiliza uma sequência de palavras de maneira gradativa, dentro de uma mesma ideia. Para entender o que é gradativo, pense numa escala de vários tons de cinza. Em um extremo, teremos um tom mais claro de cinza, próximo do branco. No extremo oposto, encontramos um tom mais escuro de cinza, próximo do preto.
Agora podemos mentalmente substituir o branco e o preto da escala de cinzas pelas figuras eufemismo e hipérbole. Na gradação, a sequência de palavras podem ir se amenizando (se tornando uma a uma mais eufêmica) ou ir se exagerando (se tornando uma a uma mais hiperbólica). Vejamos exemplos para tornar mais claro:
De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada.
Nesse caso, as palavras, em relação a seus significados, vão diminuindo gradativamente.
Isso é igual em todo lugar: aqui, ali, na esquina, em outro país, do outro lado do mundo.
Já nessa frase, a gradação acontece de maneira progressiva, já que a cada palavra, aumenta-se a distância.
Dessa forma, percebe-se que na gradação temos a presença do eufemismo ou da hipérbole e que essas últimas são opostas.


*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
**Camila também é colunista semanal sobre redação e uma das professoras do Programa de Correção de Redação do infoEnem. Um orgulho para nosso portal e um presente para nossos milhares de leitores! Seus artigos são publicados todas às quintas-feiras, não perca!






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