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domingo, 26 de abril de 2015

CATAS ALTAS - MG



O presente trabalho visa delimitar uma área de proteção para o Conjunto Paisagístico do Abrigo do Pico de Catas Altas, localizado na cidade de Catas Altas/MG. Objetiva-se atualizar o perímetro de proteção deste conjunto, visando melhor desempenho das diretrizes propostas para a manutenção física e histórica do bem. Preocupa a população de Catas Altas a possível perda deste patrimônio arqueológico e paisagístico, devido à grande produtividade mineradora local. Para as futuras ações e para a proposição de políticas públicas, integra este documento a delimitação georreferenciada da área que deverá receber a devida proteção.

Propor um polígono de proteção para o Abrigo do Pico de Catas Altas implica em estudar as condições ambientais e culturais deste bem de forma consistente e embasada. Dentre os conceitos existentes sobre a preservação de bens naturais e culturais, aquele que mais se aplica é o da Paisagem Cultural.




A paisagem é um conceito muito amplo que foi difundido e apropriado no Brasil de diversas maneiras, flexível a cada área que a estuda. Apesar de a noção de paisagem ser algo que acompanha o homem desde sua existência, sua manifestação ocorre inicialmente entre os pintores, artistas e poetas, tanto no Oriente quanto no Ocidente[1].

                Alexander Von Humboldt, grande estudioso e explorador, contribuiu imensamente com o desenvolvimento de descrições de paisagem, abrindo-se então uma frente de estudos sobre a tradição paisagística associada à disciplina da geografia. Sua visão da paisagem associava-se segundo a Naturphilosophie alemã, na qual era entendida como imagem da natureza em seu caráter totalizante[2]. Confere-se que:

“...o século XVIII foi fortemente impregnado pelo sentimento de Naturphilosophie nas reflexões filosóficas e científicas. Em primeiro lugar, haveria nesse sentimento uma expectativa de explicação global da natureza. Por isso, pode-se entender desde a relação entre fenômenos físicos, químicos, biológicos, etc., como elementos necessariamente interconectados numa explicação do mundo – um kósmos, até uma compreensão dessa totalidade como, digamos, resultado de uma unidade que ressoaria em domínios interligados – ciência, moral, estética”[3].



[1] MAXIMIANO, Liz Abad. Considerações sobre o Conceito de Paisagem. Editora UFPR, 2004.
[2] RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem Cultural e Patrimônio. Ministério da Cultura, 2007.
[3] SPRINGER, Kalina Salaib. VITTAE, Antonio Carlos. A Ciência Humboldtiana e a Gênese da Geografia Física Moderna: entre a Mensuração e a Sensibilidade. Programa de Pós-Graduação em Geografia, IG-Unicamp, 2009.





Amparada na sensibilidade, a noção de Paisagem Cultural, contempla além da observação e do experimento do homem, a dinâmica da sua atuação no próprio meio, ou seja, o homem interage e interfere na paisagem e até mesmo cria a própria paisagem.




























O Pico de Catas Altas, bem como abrigo que dele faz parte, podem e devem ser protegidos pela chancela da Paisagem Cultural, pois além da beleza natural, da fauna e da flora, a sua configuração como moldura ecoa na ambiência do núcleo histórico da cidade revela a memória da sua população. A presente delimitação considera todos os conceitos acima explanados, objetivando-se, por fim, a sua preservação.









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